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Dia

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Consequente a uma pesquisa prévia relativa às diversas opções a nível da escolha e seleção do local para posterior intervenção, decidimos de uma forma unânime iniciar a nossa exploração territorial pelas zonas de Santos (macro) e Madragoa (micro).

Os primeiros passos desta operação pareceram-nos os mais difíceis, pois sem um objeto específico, tivemos que procurá-lo.

Começámos em Santos e fomos gradualmente subindo até à Madragoa.

Pelo caminho fomos percebendo os pontos de referência da zona e foram-nos também indicando personagens características que conheciam a área e que eventualmente seriam possíveis informadores.

Após a recolha de diversas informações a nível territorial (o lugar e os seus limites) e social (as pessoas que lhe pertencem, os seus hábitos comuns de sociabilização, tradições e relações entre elas) concluímos que a Madragoa fora o local mais oportuno, proveitoso e estimulante para estudarmos mais aprofundadamente.

Resultados Obtidos:

  • Escolha do local em estudo [Santos e Madragoa]

  • 8 entrevistados

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Ana Lopes, 55 anos

 

Trabalha em Marketing, e mostra-se bastante crítica em relação ao sítio onde vive.

Nascida e criada na Rua das Madres, bairro da Madragoa.

Diz-nos que há gente boa e má, declara que existe uma descaracterização do bairro em que deixam de existir pessoas da terra, “Agora o bairro é um grande hostel”.

A sua mãe ainda vive no bairro mas apenas se desloca para ir ao café ter com as amigas (“Aquelas que cá estão...”).

Quando perguntámos pelos problemas do bairro a resposta foi imediata e enumerada: Décadas de mau estado das ruas, mau planeamento de resíduos, falta de contentores do lixo, falta de jardins para as crianças, pouca limpeza das ruas, barulho que se faz ouvir à noite que incomoda quem lá vive (estabelecimentos abertos até tarde). Diz que existe uma falta de preocupação com o centro histórico da Madragoa.

Acaba por partilhar connosco que não se sente satisfeita com o presidente da junta de freguesia, pois não toma as medidas que considera necessárias. Acrescenta que faz os possíveis dentro do seu ramo para se fazer ouvir, em várias plataformas como o facebook, revistas ou em publicações.

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Odete Robalo, 75 anos

 

Reside há 47 anos na Califórnia, EUA.

Veio a Lisboa visitar a irmã de 90 anos que reside na zona da Lapa.

Afirma que o Bairro demonstra ser calmo, “maravilhoso” e seguro.

Diz também que as “casas comerciais” estão mais predispostas a abrir as suas portas, ao contrário das “casas particulares” que, devido ao envelhecimento da população que as habita têm menos condições e disponibilidade para nos acolher e responder a determinadas questões do nosso interesse.

“ As casas particulares não abrem a porta, está tudo muito envelhecido.” confessa.

A nível mobilístico a senhora Odete testemunha que existem determinados acordos com a Junta que disponibilizam assistência. Esta assistência também é providenciada a nível social, isto é, uma vez por mês ou se necessário todas as semanas a Junta encarrega-se de “enviar” um conjunto de mulheres que ajudam indivíduos mais envelhecidos ou com certas carências para darem assistência alimentar ou higiênica.

“Os centros vêm trazer comida a quem não tem família.” “Vem uma assistente social uma vez por mês, mas vêm raparigas todos os dias, (...) lavá-las (as idosas) se for preciso e limpar a casa…”

Revela-nos também a inexistência de lares na zona de Santos e Madragoa.

Entretanto a conversa muda para um tom mais descontraído, e a senhora confessa-nos que gasta maior parte do seu tempo em Lisboa a visitar museus e que nasceu e viveu grande parte da sua vida em Leiria onde trabalhou no hospital Santo André como auxiliar médica.

Em suma a senhora Odete Robalo que se encontra em visita à irmã faz-nos um balanço positivo do bairro, quase desprovido de problemas e bastante cooperativo.

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Albina, 81 anos

 

Residente no Bairro da Madragoa.

Encontrava-se apoiada na porta com a janela aberta à conversa com a vizinha da frente, até que a abordamos...

Vive sozinha, e manifesta ser uma senhora já cansada e pouco cooperativa devido à idade.

Por poucas palavras informa-nos de que possui determinados problemas físicos e psicológicos como depressão e problemas de estômago. Dispõe de uma ajuda preciosa dos seus vizinhos que lhe acompanham em passeios à mercearia e da sua filha que nos confessa que chega a ligar três vezes ao dia e, sempre que necessário, leva a senhora Albina ao posto médico.

De uma forma bastante sucinta afirma que o Bairro não lhe dá problemas e que estima bastante a sua casa.

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Maria

 

Trabalhadora num talho localizado no centro da Madragoa.

Devido à sua revolta a conversa não se estendeu muito.

Apenas revelou que o bairro deixou de o ser devido à ocupação por parte dos estrangeiros e turistas.

Diz também que esse facto prejudicou o negócio porque, naturalmente, como os clientes nascidos e criados na Madragoa foram deslocados das suas casas e como “não é os turistas que fazem o negócio” as vendas e produtividade recaíram.

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Sr. Fernando, 73 anos

 

Antigo residente no bairro Alto (durante 30 anos), foi forçado a sair pelo seu senhorio que pretendia alugar o seu prédio a turistas. Vive agora no bairro da Madragoa à relativamente pouco tempo, não nos revelou ao certo há quanto tempo, ao comparar os dois bairros, referiu que apesar de mais pequeno tinha o que precisava no seu dia-a-dia, supermercado e posto médico (na Lapa com difíceis acessos).

Em relação aos acessos e mobilidade percebemos que para os mais idosos é complicado pois as ruas são estreitas, incertas e com muitos buracos, perguntámos se achava que se um transporte de socorro (ambulância ou INEM) necessitasse de lá chegar seria possível, respondeu que conseguiam mas com dificuldade.

A nossa conversa ficou por aqui.

 

 

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Ana

Trabalhadora da Tabacaria Airosa Papelaria próxima da Igreja de Santos-o-Velho .

Nascida e criada em Santos.

Abordámo-la durante um intervalo para o cigarro.

De forma bastante prestadora e simpática confessa-nos que a vida noturna não lhe faz qualquer confusão ou incómodo porque também ela se insere nesta prática.

Em relação à sociabilidade e hábitos do bairro diz-nos que alteraram-se de forma drástica e que o simples “bom dia” e comprimento ao passar entrou em decadência.

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Jorge Monteiro, Flor da Selva

 

 

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